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Dia 01 de julho de 2018

“O QUE É UM SACRIFÍCIO NO NOVO TESTAMENTO?”
(Pr. Joversi Ferreira)

    A palavra “sacrifício” aparece No NT em português na Nova Versão Internacional 44 vezes. Bem menos que no AT: 255 vezes!
    A razão é simples: ela é mencionadas apenas no Pentateuco (Cinco primeiros livros da Bíblia) 90 vezes! Isto por causa do estabelecimento do sistema sacrificial.
    Antes do NT, logo no começo, em Gênesis que encontramos o primeiro sacrifício. O qual muitos acham que está no capítulo quatro quando Abel e Caim oferecem sacrifícios ao Senhor. Mas, de fato, o primeiro sacrifício é feito por Deus. No capitulo 3, encontramos Adão e Eva escondendo sua recém percebida nudez atrás de folhas de figueira (v.7). Logo depois, visto não ser suficiente, Deus faz para eles roupas de peles de animais (v.21). Não há como escapar aqui da comparação entre as falhas soluções humanas e as acertadas soluções divinas. Entre a “religião” do jeitinho humano e a verdadeira Religião que vem de Deus para nós.
    Este primeiro sacrifício estabelece uma condição redentora que perduraria por milênios até ser cumprida com plenitude. O autor de Hebreus menciona esta condição, “sem derramamento de sangue não há perdão” (Hb 9.22b). Esta era a condição de sacrifício para o perdão de pecados e a salvação espiritual. Cristo se tornou assim o sacrifício perfeito, o “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo 1.29).
    Contudo, havia outros sacrifícios. Em especial, o “de paz” ou “de comunhão” traduzia um ato onde havia gratidão e não necessidade de perdão. Havia paz com Deus e não conflito.
    Quando chegamos ao NT, por causa do “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”, todas essas sombras do AT passam, porque em Cristo tudo está consumado. Mas, ainda assim, a palavra “sacrifício” faz parte do vocabulário cristão e não apenas para mencionar o que Cristo fez.
    Antes é importante salientar que sacrifício algum pode “comprar” algo da parte de Deus. Tudo é Graça, tudo é sem merecimento. Há mais impedimentos que podemos causar à bênção de Deus em nossas vidas do que “ajudas” que pudéssemos dar por nossas virtudes. 
    No NT, sacrifício cai sempre na categoria de “ofertas de paz” ou “ofertas de comunhão”. São sempre expressões da nossa gratidão. Expressões pequenas e limitadas diante do tanto que recebemos de Deus. Somos como crianças que não tendo como devolver a tudo o que nossos pais nos dão, fazemos desenhos (garranchos, na verdade) e oferecemos como se fossem a própria obra de Monet ou Van Gogh. Mas, se formos realmente sinceros, gratos e amorosos, tais garranchos são tudo o que temos para oferecer, são o nosso melhor, feito com excelência.
    E, impressionantemente... Ele os aceita!
    Romanos 12.1-2 nos fala de um sacrifício (oferta) assim. “Portanto, irmãos, rogo-lhes pelas misericórdias de Deus que se ofereçam em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus; este é o culto racional de vocês.” O “portanto” aponta para trás. Do capítulo 1 ao 11, Paulo expõe na Carta Magna do Cristianismo os fundamentos da fé. Diante da depravação humana, da Graça redentora, da justificação, da santificação, da habitação do Espírito, da adoção de filhos.... uau! Ele apela que diante de tanta misericórdia nos ofereçamos a Deus. Que barganha! Que troca! Que negócio da China! Um imprestável como eu em troca de tamanha salvação! Ao nos oferecer a Deus, o fazemos “em vida”. Não há morte neste sacrifício. É viver para Deus de maneira santa e agradável. Algo que não vem de uma religiosidade misticista e supersticiosa. Antes, vem do culto racional: a razão e a inteligência dadas por Deus me ajudam a entender o que Ele fez por mim (a doutrina de 1 a 11) e me inflama a viver por e para Ele (a prática de 12 em diante.)
    Já o autor de Hebreus nos ensina dizendo, “Por meio de Jesus, portanto, ofereçamos continuamente a Deus um sacrifício de louvor, que é fruto de lábios que confessam o seu nome.”. Esta oferta das nossas vidas tem a ver com a identificação com Cristo, saindo com Ele para morrer com Ele em Seu sacrifício. Não nos envergonhando de ser reconhecidos como dEle em nossas ações, palavras e posicionamentos. E, principalmente, vivendo e pregando o Evangelho.
    Finalmente, Filipenses 2.17 nos fala de algo final, “Contudo, mesmo que eu esteja sendo derramado como oferta de bebida sobre o serviço que provém da fé que vocês têm, o sacrifício que oferecem a Deus, estou alegre e me regozijo com todos vocês.”. A oferta maior de Paulo era sua própria vida. Viver para Cristo, morrer por Cristo. Sendo que “não temos aqui nenhuma cidade permanente, mas buscamos a que há de vir.” (Hb 13.14), morrer realmente era lucro para Paulo porque ele sabia que era apenas uma pequena oferta de gratidão. Como tem sido a sua oferta?

Dia 22 de julho de 2018

“RODOPIANDO QUE NEM UMA BARATA TONTA”
(Pr. Joversi Ferreira)

    Um dos meus professores usava uma série de gestos para nos ajudar a guardar o tema principal de cada livro na aula de Síntese do Antigo Testamento. O símbolo de Números, o quarto livro da Bíblia, era um dedo girando na palma da mão. Isso ilustrava o povo indo de um lugar para o outro no deserto, mas nunca progredindo em direção à Terra Prometida a Abraão, Isaque e Jacó, seus antepassados.
    A razão é simples e a encontramos no capítulo 14, especialmente, a partir do verso 26. O povo decide ouvir aos dez espiões que desanimaram o coração do povo quanto a conquistar a terra. Em lugar de ouvir a Calebe e a Josué que declararam abertamente que o Senhor iria lhe s dar vitória. Então, o Senhor decreta que aquela geração de 20 anos pra cima iria toda morrer no deserto. E os seus filhos herdariam a terra. E assim, começa a peregrinação que completaria os 40 anos no deserto.
    Mas, esta não é a única ocasião em que o povo se comporta de maneira lamentável. Eis aqui alguns erros “desérticos” do povo de Israel em Números.
    1.) Reclamaram das circunstâncias da vida (cap.11.1-3). Quando reclamamos das circunstâncias da vida, estamos reclamando da vontade soberana de Deus. Simples assim. Estamos dizendo, “Deus, deixe-me lhe ajudar, creio que você errou aqui com os rumos da minha vida”. Não é felicidade com o sofrimento, mas contentamento apesar do sofrimento a atitude daquele que depende e confia em Deus.
    2.)  Reclamam do suprimento do Senhor (cap.11.4ss). A questão aqui não é eles pedirem uma diversidade de comida, mas a atitude de ansiar pelo que tinham no Egito, de onde o Senhor lhes havia libertado. Podemos clamar ao Senhor por mudanças naquilo que temos. A oração é uma alternativa ao nosso alcance, a submissão é uma obrigação. Mas, não foi este o caso aqui. Chegariam a chamar o Maná, a comida que caia do céu, de “comida miserável” (21.5). 
    Cada suprimento de Deus em nossas vidas está exatamente dentro de nossas necessidades e da vontade de Deus. Nosso Deus não é mesquinho, nem tão pouco é um “mimador” dos Seus filhos. Ou seja, não nos dá aquém, nem além.
    3.) Rebelaram-se contra a proibição divina (cap.14.40ss). Depois de ouvirem a sentença do Senhor de que não entrariam na terra, mas retornariam para o deserto, o povo decide afrontar a Deus e partem contra os amalequitas e os cananeus e são derrotados.
    Nosso coração rebelde precisa ser vigiado por um espírito regenerado a todo o tempo. Não o deixe “por conta”, não o deixe solto. Via de regra, ele vai na contra-mão da vontade de Deus e não possui desejo por ela.
    4.) Rebelaram-se contra a liderança por causa de assuntos secundários (cap.16). Ainda que “rebelião” seja pecaminoso, nem toda oposição acaba em rebelião. Líderes podem ser questionados e se pode discordar deles. Porém, destituir um líder por questões de opinião é a característica de quem vaidosamente não aceita algo que não esteja “do seu jeito”. Não havia nada moralmente repreensível em Moisés e Arão. Mas, esses homens se levantam contra eles.
    Moisés tem uma atitude exemplar e deixa com o Senhor qualquer acerto de contas.
    Que se possa ter a maturidade de discutir ideias e aceitar direcionamentos. Mesmo quando discordarmos deles. Bem, como, termos a maturidade de confrontar os erros morais, de líderes ou liderados.
    Ainda poderíamos apontar que aspiraram posições que não lhes cabiam. Que preferiram a morte do que a vontade de Deus. Que murmuravam por água, comida e outras coisas... A geração de Números serve de alerta ao meu coração. Meu coração é bem “de Números”. E preciso submetâ-lo ao Soberano Deus que me tirou do Egito das trevas, da vida sem Cristo, sem salvação. E ser grato; nunca murmurando. E ser contente; nunca murmurando. E ser servo; nunca murmurando.

Dia 15 de julho de 2018

“RESOLUÇÕES OU DESCULPAS?”
(Pr. Joversi Ferreira)

Nas últimas semanas, circulamos um texto entitulado “Quais são algumas razões que impedem o avanço do trabalho da Comunidade Batista Videira?”. O texto precisa não ser mal compreendido.
    Primeiro, sabemos que o Senhor é soberano e que Ele realiza e realizará o que quiser com Sua igreja. Inclusive, a nossa. Mas, em segundo lugar, somos sabedores da responsabilidade pessoal de cada crente para com a obra de Deus. E que Deus, decide certas coisas apesar de nossos erros e acertos, mas Se determina a decidir outras em resposta aos nossos erros e acertos. É a velha tensão entre a soberania dEle e a responsabilidade humana. 
    Ainda em terceiro lugar, nosso objetivo como liderança é despertar a cada um sobre como tem sido o seu papel em cada uma dessas áreas. E, depois de ler sobre elas, qual tem sido a sua resposta; você tem tomado resoluções de mudança (onde elas forem necessárias) ou criado desculpas para continuar como está (se este for o caso)?
    Que tal revisitar essas cinco razões e conferir a si mesmo quanto à pergunta acima?
    1.) Logística: algumas matérias que já vimos no passado na EBD e classes mais variadas não podem existir porque não temos espaço para tanto. Da mesma forma, ministérios carecem de melhor estruturação porque não temos como dar a cada um, um espaço próprio.
    Caso de fato cresçamos, nos veremos com um grande “problema” com o salão de cultos. Com quase 110  membros, sem contar mais de 30 frequentadores e participantes, além de cerca de 40 crianças, nosso salão já não comporta toda a “comunidade” da Comunidade Batista Videira. Sem falar em nossas conferências e outros eventos.
    2.) Evangelismo: O crescimento principal de uma igreja é através do evangelismo e não pela transferência de outra igreja. Mesmo que os irmãos sejam muito bem-vindos à nossa família.
    Parece ser algo óbvio e batido, mas uma igreja que não dobra de tamanho a cada ano significa que seus membros não 

 estão “dobrando” a si mesmos a cada ano. Isto é, no curso de 365 dias, não estão alcançando sequer uma única pessoa para Cristo. A conversão é papel do Espírito Santo, mas Ele nos responsabiliza pela semeadura. Sem persistente e consistente semeadura, sem colheita.
    3.) Presença: o “ministério da presença” foi citado como uma frase descontraída em nossa última conferência, mas não deixa de ser verdade. Cada vez que alguém falta a qualquer reunião/culto/encontro da Igreja, a Igreja é enfraquecida. A Igreja (na pessoa deste ausente) deixa de aprender, deixa de ter comunhão, deixa de crescer. Cada reunião tem um objetivo diferente e cada uma faz falta na vida do ausente.
    Se não faltamos aos nossos compromissos profissionais e estudantis, mas somos negligentes com as reuniões dos santos, nossas prioridades estão muito invertidas.
    4.) Serviço: além da presença, nós como servos de Cristo devemos buscar um ministério para servir ao próximo e a Cristo, glorificando assim o Pai. Não há desemprego no reino de Deus; sempre haverá uma oportunidade para você exercer seus dons. “Cada um exerça o dom que recebeu para servir os outros, administrando fielmente a graça de Deus em suas múltiplas formas.” 1 Pedro 4.10 .
    Aos que já o exercem, é importante ressaltar que nós servimos a um Rei exigente, que requer de nós compromisso e dedicação no ministério assumido. Se você foi escalado em alguma atividade, faça todo o esforço para cumprir sua missão. Se não puder, avise alguém com antecedência para substituí-lo. Somos um corpo com muitos membros e cada membro tem uma função. Se alguém falha na sua função, todo o corpo sente e fica prejudicado.
    5.) Financeiro: pertencer a uma igreja que não negocia a fé tem se tornado em algo cômodo para muitos. Como não sou pressionado ou pessoalmente questionado, não faço nada ou apenas faço o mínimo possível.
    Em um determinado mês este, menos da metade das pessoas participaram com seus dízimos. Isto inclui os adultos que não trabalham, mas estão ligados a pais ou cônjuges que trabalham. Sendo que, nestes que participaram, alguns ainda nem membros são!
    Este é um problema espiritual, antes de ser um problema financeiro. Há um ídolo no coração de muitos; mas, infelizmente, se recusam a reconhecer.

    “O que creio determina o que vivo”. Diante do que está acima, o que é que você tem crido? E isso lhe tem produzido resoluções ou desculpas?

Dia 29 de julho de 2018

“SANTIFICAÇÃO: 03 FASES, 01 OBJETIVO”
(Pr. Joversi Ferreira)

    “Santo” é uma daquelas palavras bíblicas maravilhosas, mas que a cultura “cristianizada” estragou de certa forma. Quantas vezes você ouviu alguém dizer, “eu não sou nenhum santo”. Em outras palavras, eu também erro. Ora, se nunca errar ou pecar fosse o padrão de santidade, apenas Jesus se qualificaria, não? 
    Outro erro da cultura é que santidade esteja mais ligado ao que a pessoa faz ou é. Quando na verdade, mesmo que haja o componente da responsabilidade e ação humanas, santidade está relacionada muito mais ao que o nosso Deus é ao que Cristo realizou por nós e realiza em nós.
    Mas, o que é ser “santo”? Tanto a palavra hebraica Kadosh no AT, quanto a palavra grega Hágios no NT transmitem a ideia de “pureza pela separação” ou mesmo o inverso, “separação para a pureza”. E não possuem a ideia de perfeição, muito menos de impecabilidade. Antes, uma ideia de uso exclusivo para um fim determinado. Tal como não se usa um bisturi esterilizado para cortar salame e depois para uma cirurgia de coração. A separação foi maculada pelo uso indevido daquele objeto. 
    Assim, o “santo” segundo a Bíblia é aquele que se separa da corrupção do mundo e do pecado e busca viver exclusivamente para Deus. Não à parte do mundo, mas mesmo no mundo (Jo 17.14-15). Aliás, este é o grande desafio, e ao mesmo tempo, o grande destaque da santidade: ela precisa ser vivida ao lado, no meio e apesar da falta dela própria.
    Basta lembrar que o próprio Deus encarnou e viveu entre nós. E Ele não estava em uma bolha. De fato, Ele vivia com “pecadores” ao ponto de ser criticado por isso. Até por aqueles que se achavam os “puros”.

    Uma das coisas mais básicas sobre a santidade (ou santificação) que todo cristão precisa saber são suas três fases. E, não há interrupções ou reprovações: todo cristão passará pelas três.
    Fase 01: somos libertos do poder escravizador do pecado no momento de nossa conversão. Também chamada de Santificação posicional, esta transformação instantânea nos coloca dentro do ambiente do relacionamento com Deus sem que sejamos estranhos a ele e a Deus. Somos “iguais”, pois fomos separados para ser como Ele é.
Assim foram alguns de vocês. Mas vocês foram lavados, foram santificados, foram justificados no nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito de nosso Deus.” (1 Co 6.11)
    Fase 02: imediatamente à fase 01, Deus começa a trabalhar intensamente na vida dos Seus. Conhecida também como Santificação processual, esta é uma fase progressiva na vida de cada cristão e que varia de pessoa a pessoa. Nela, somos libertos da influência do pecado. As ferramentas para a santificação são dadas de forma igual (2 Pe 1.3; 1 Jo 2.27), mas a dedicação e compromisso de cada um não. Exortações à pureza (2 Co 7.1), ao amadurecimento (Hb 5.12) e ao arrependimento (Ap 2.5) apontam para altos e baixos no processo. É o bom uso de tais ferramentas que nos colocam em um processo ascendente de santificação, em cooperação com o Espírito.
E todos nós, que com a face descoberta contemplamos a glória do Senhor, segundo a sua imagem estamos sendo transformados com glória cada vez maior, a qual vem do Senhor, que é o Espírito.” (2 Co 3.18)
    Fase 03: dois possíveis acontecimentos desencadeiam a última fase da santificação: nossa morte ou o Retorno Glorioso de Cristo. Ou seja, ela acontece ao final da nossa vida. Somos, então, libertos da presença e de qualquer possibilidade de pecar. É também chamada de Santificação definitiva e de Glorificação. “Quando Cristo, que é a sua vida, for manifestado, então vocês também serão manifestados com ele em glória.” (Cl 3.4).
    Finalmente, por que a santificação existe? O objetivo é apenas um: formar Cristo em nós! Sermos iguais ao nosso “irmão mais velho” sempre foi o objetivo de Deus. Ou seja, a santificação não é para meu engrandecimento, mas para a glória de Deus. Não seria este um objetivo suficiente para nos mover para a santificação? 

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